terça-feira, 7 de junho de 2011

Mudanças climáticas afetam produção de alimentos

O prato típico do brasileiro, o arroz com feijão, é muito recomendado pelos nutricionistas por ser rico em carboidratos, sais minerais, vitaminas e fibras. Mas essa tradição pode estar com os dias contados por causa das mudanças climáticas.

Dados apresentados pelo presidente da Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê, na Bahia, Walterney Dourado Rodrigues, podem dar uma idéia do porquê. Ele explica que o município já produziu, no passado, 3 milhões de sacas de feijão e, hoje, os agricultores colhem abaixo de 10% desse valor.

"Isso devido a vários fatores, principalmente pelos climáticos. Nos últimos anos, houve uma queda na quantidade de chuvas e, além disso, uma má distribuição de chuvas. Todo ano nós estamos diminuindo a área de plantio de feijão", acrescenta.

O município baiano é reconhecido pelo grande potencial agrícola e agropecuário, tendo recebido o título de Cidade do Feijão pelas grandes safras colhidas nas décadas de 1980 e 1990. Mas a lembrança dos tempos áureos como primeiro produtor de feijão do Nordeste e o segundo do país ficou para trás. Hoje, só restam dívidas.

"Nós temos mais de 6 mil agricultores, hoje, com débito na dívida ativa [da União] e mais 6 mil com débito direto no Banco do Brasil. Tudo que se planta hoje é com recursos próprios", desabafa.

A engenheira agrônoma da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Dione Nery Benevenutti diz que as mudanças climáticas alteraram em muito a produção do arroz em Garuva. "Com certeza, essas mudanças climáticas estão acarretando muito o prejuízo na cultura do arroz e, em 2010, tivemos temperatura de 40 ºC. Isso acarretou uma queda de mais ou menos 20% na produtividade da cultura do arroz irrigado", afirma Dione.

O secretário nacional de Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente, Eduardo Assad, diz que o governo está promovendo ações para a implementação de uma política de redução de gases de efeito estufa. "Estamos lançando o Plano Setorial da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. Isso implica melhorar as pastagens brasileiras, integrar a lavoura à pecuária, reduzir as emissõese capturar mais carbono, incentivar o plantio direto para as culturas de grãos e o feijão será um dos principais beneficiados. Com isso, mantendo mais água no solo", explica. De acordo com Assad, a estimativa é que, até dezembro, estejam concluídos outros sete planos setoriais previstos no decreto de regulamentação da Política do Clima.

A organização não governamental britânica Oxfam estima que os preços de alimentos básicos, como arroz e feijão, devem mais do que dobrar em 20 anos, a não ser que os líderes mundiais promovam reformas. Até 2030, o custo médio de colheitas consideradas importantes para a alimentação da população mundial vai aumentar entre 120% e 180%. Metade do aumento desses custos, de acordo com a ONG, deverá ser creditada às mudanças climáticas.



Fonte: Planeta Sustentável

Levantamento subsidiará simulador de mudança climática

Está em curso no Brasil um levantamento inédito sobre como o clima e o aumento do nível do mar no passado influenciaram a biodiversidade e a ocupação humana no território brasileiro. O estudo está coletando dados de pelo menos dez mil anos atrás, visando criar modelos ambientais para simular o quanto o avanço do mar e as mudanças climáticas influenciarão nos biomas brasileiros. "Nosso objetivo é caracterizar o que aconteceu no passado, para entendermos o presente e tentar estimar o que acontecerá no futuro, se modificações ambientais semelhantes ocorrerem", diz Luiz Carlos Ruiz Pessenda, coordenador do estudo.

De acordo com o levantamento realizado pelo grupo de pesquisa do Laboratório 14C, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP, em Piracicaba, o nível do mar já esteve até cinco metros acima do atual há cerca de cinco mil anos. Segundo Pessenda, responsável pelo Laboratório e pelo estudo, a elevação do nível do mar juntamente com as mudanças climáticas ocorridas nos últimos milhares de anos pode estar associado à evolução da vegetação costeira das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do País.

"O clima menos úmido que afetou, há cerca de nove ou até quatro mil anos atrás, o sul da amazônia, o Nordeste e o Sudeste do Brasil, fez a vegetação arbustiva e herbácea do Cerrado e dos campos avançarem sobre as florestas. Agora, queremos verificar na costa do estado do Espírito Santo se este quadro tem relação com o aumento do nível do mar, constatado em estudos desenvolvidos no País", afirma. De acordo com Pessenda, a expansão das florestas (Amazônica e Atlântica) para o tamanho atual ocorreu principalmente nos últimos três mil anos devido ao aumento da umidade no continente sul-americano.

COLETA DE DADOSA primeira fase do estudo foi realizada na reserva natural da Vale, no estado do Espírito Santo, durou três anos e está em fase de conclusão. A escolha da reserva deve-se a esta ser uma área de Mata Atlântica e campos (vegetação arbustiva e herbácea) nativos, que possuíam informações preservadas sobre a evolução e variação da vegetação e do ambiente.

"Registramos em sedimentos de um lago da reserva da Vale, situado a aproximadamente 23 quilômetros do mar, influências marinhas que datam de pelo menos oito mil anos". Entre os sedimentos encontrados estão pólen de espécies de manguezais e fragmentos de algas e esponjas marinhas. Ao mesmo tempo, medições de isótopos do Carbono e Nitrogênio do sedimento também constataram a influência marinha em um período de oito a três mil anos atrás.

Outro fator que pode ter influenciado na sobreposição dos biomas é o tipo de solo . "Pretendemos verificar também, além das variações climáticas e marinha, qual a importância dos solos na fixação de árvores típicas da floresta. Como o solo de partes da Amazônia é arenoso, ele pode ter dificultado a fixação de árvores e facilitado o avanço de ervas e arbustos para estas áreas, formando os campos nativos", defende.

No entanto, a constatação da relação entre o aumento do nível do mar, a queda da umidade na região central do Brasil e o avanço da vegetação florestal sobre os campos, ou vice-versa, depende da segunda fase do estudo, que levará cerca de cinco anos para ser finalizada. Nesta fase, também se verificará até aonde foi o avanço do oceano Atlântico para dentro do continente e o quanto esse avanço influenciou na colonização das populações humanas na região nos últimos milhares de anos.



Marcelo Pellegrini - Agência USP - 07/06/2011


Fonte: Planeta Sustentável

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Manual de Etiqueta Sustentável

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